Cena extra (3) – Desejos enlouquecedores
— Vocês
duas vão me deixar maluco. Esse é o plano? – Tomás respirava fundo, enquanto
gritava com a esposa e Michelle.
—Si, la
funcion de mi vida es molestarte, cornudo – A de olhos verdes respondeu em sua
língua materna.
— Tá
vendo só o que você aprontou, por sua culpa vou ter que aturar essa colombiana
chata para resto da vida.
— Minha
Culpa? Você fala como se eu tivesse te amarrado na cama e forçado a ter "
relações " com ela. E, embora essa talvez fosse uma visão deliciosa de se
ter, não foi o que fiz. – Justificou-se Carla, com um sorriso provocador nos
lábios.
— Por
pouquíssimo, você não o fez, por pouquíssimo.
— Ah você
não sabe mais se divertir. Por que estamos tendo essa conversa agora? – Carla
curvou os lábios e cruzou os braços demonstrando impaciência.
— Porque
não sei lidar com duas mulheres grávidas ao mesmo tempo. São muitos hormônios,
muitos desejos e formas de infernizar a minha vida.
– O Rapaz
andava de um lado para outro.
O bip do
forno avisava que as arepas colombianas estavam prontas. Acontece que ambas
acordaram às três e meia da manhã com uma vontade enlouquecedora de comer a
massa de milho frita recheada com carne e frango e sobrou para o cantor
cozinhar em plena madrugada. Esse era o motivo do mau humor e discussão.
— Pense
que está aperfeiçoando suas habilidades culinárias e a paciência também.
— Nós
inchamos feito um balão com outra pessoa se formando dentro de nossos corpos e
é ele quem surta! – Observou Michelle se levantando da rede e indo para a
cozinha.
Carla
balançou a cabeça positivamente a seguindo para a cozinha. Não comeu mais do
que duas arepas, pois sentia-se enjoada com facilidade.
A Dançarina voltou para o andar de cima. Pensou em deitar novamente, mas
com o estômago embrulhado como estava era melhor não. Ia acabar vomitando.
Resolveu então passar no quarto de Catarina e observar enquanto a bebê
dormia. A Moranguinho está crescendo tão rápido e por mais a mãe se esforce,
sempre tem a sensação de estar perdendo momentos pequenos e importantes de sua
vida por conta do trabalho. O que gerava culpa e dor.
A garotinha dormia em seu berço, com as perninhas gorduchas cruzadas e
os braços embaixo da cabeça. A boca larga como sua está curvada. Para um ano e
dois meses, cat já é bem independente: Deixou de mamar há duas semanas, não usa
o bico de ursinho desde os oito meses.
O coração de Carla se agitava quando pensava sobre isso: Um misto de
orgulho e tristeza. Se não fosse pela ausência dela, a pequena não teria
mudanças tão rápidas.
O Peso de manter a carreira e ser uma boa mãe estava se tornando cada
dia mais desgastante. Com dois, ou melhor, com três filhos, ela em breve terá
de escolher entre as duas coisas.
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